Olá!
Estou imensamente feliz por estar fazendo essa nova postagem!
Pretendo estar fazendo postagens que possam nos ajudar nesse processo de adaptação dos novos alunos que iremos receber no inicio do ano letivo.
Para iniciar essas postagens, percebi a importância de estar estudando sobre o desenvolvimento das crianças. Apesar de saber que esse é um tema estudado durante os cursos de Pedagogia, compreendo ser de grande valia relembrar os conteúdos estudados. É claro que nessa postagem não irei aprofundar esse tema, por isso sugiro pesquisas. Entretanto, encontrei esse vídeo que abrange vários aspectos da teoria de
Jean Piaget:
A TEORIA BÁSICA
DE JEAN PIAGET
José Luiz de Paiva Bello
Vitória, 1995
Desde muito cedo Jean Piaget demonstrou sua
capacidade de observação. Aos onze anos percebeu um melro albino em uma praça
de sua cidade. A observação deste pássaro gerou seu primeiro trabalho
científico. Formado em Biologia interessou-se por pesquisar sobre o
desenvolvimento do conhecimento nos seres humanos. As teorias de Jean Piaget,
portanto, tentam nos explicar como se desenvolve a inteligência nos seres
humanos. Daí o nome dado a sua ciência de Epistemologia Genética,
que é entendida como o estudo dos mecanismos do aumento dos conhecimentos.
Convém esclarecer que as teorias de Piaget
têm comprovação em bases científicas. Ou seja, ele não somente descreveu o
processo de desenvolvimento da inteligência mas, experimentalmente, comprovou
suas teses.
Resumir
a teoria de Jean Piaget não é uma tarefa fácil, pois sua obra tem mais páginas
que a Enciclopédia Britânica. Desde que se interessou por desvendar o
desenvolvimento da inteligência humana, Piaget trabalhou compulsivamente em seu
objetivo, até às vésperas de sua morte, em 1980, aos oitenta e quatro anos,
deixando escrito aproximadamente setenta livros e mais de quatrocentos artigos.
Repassamos aqui algumas idéias centrais de sua teoria, com a colaboração do “Glossário
de Termos”.
1 - A inteligência para Piaget é o
mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a
construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo
exterior, como toda adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos se
desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo
meio que os cercam. O que vale também dizer que a inteligência humana pode ser
exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades, que evolui "desde
o nível mais primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até
o nível das trocas simbólicas" (RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI,
1990, p. 3).
2 - Para Piaget o comportamento dos seres
vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o comportamento
é construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria
epistemológica (epistemo = conhecimento; e logia =
estudo) é caracterizada como interacionista. A inteligência do indivíduo, como
adaptação a situações novas, portanto, está relacionada com a complexidade
desta interação do indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto mais
complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo. As
teorias piagetianas abrem campo de estudo não somente para a psicologia do desenvolvimento,
mas também para a sociologia e para a antropologia, além de permitir que os
pedagogos tracem uma metodologia baseada em suas descobertas.
3 - “Não existe estrutura sem gênese,
nem gênese sem estrutura” (Piaget). Ou seja, a estrutura de maturação
do indivíduo sofre um processo genético e a gênese depende de uma estrutura de
maturação. Sua teoria nos mostra que o indivíduo só recebe um determinado
conhecimento se estiver preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir sobre
o objeto de conhecimento para inserí-lo num sistema de relações. Não existe um
novo conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior para
poder assimilá-lo e transformá-lo. O que implica os dois pólos da atividade
inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação na medida em que incorpora
a seus quadros todo o dado da experiência ou ëstruturação por incorporação da
realidade exterior a formas devidas à atividade do sujeito (Piaget, 1982). É
acomodação na medida em que a estrutura se modifica em função do meio, de suas
variações. A adaptação intelectual constitui-se então em um "equilíbrio
progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar"
(Piaget, 1982). Piaget situa, segundo Dolle, o problema epistemológico, o do
conhecimento, ao nível de uma interação entre o sujeito e o objeto. E "essa
dialética resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas,
empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas sem gênese, etc. ... e
permite seguir fases sucessivas da construção progressiva do conhecimento"
(1974, p. 52).
4 - O desenvolvimento do indivíduo
inicia-se no período intra-uterino e vai até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que
a embriologia humana evolui também após o nascimento, criando estruturas cada
vez mais complexas. A construção da inteligência dá-se portanto em etapas
sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. A isto
Piaget chamou de “construtivismo sequencial”.
A seguir os períodos em que se dá este
desenvolvimento motor, verbal e mental.
A. Período Sensório-Motor -
do nascimento aos 2 anos, aproximadamente.
A ausência da função semiótica é a
principal característica deste período. A inteligência trabalha através das
percepções (simbólico) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio
corpo. É uma inteligência iminentemente prática. Sua linguagem vai da ecolalia
(repetição de sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer
beber água) já que não representa mentalmente o objeto e as ações. Sua conduta
social, neste período, é de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele).
B. Período Simbólico - dos 2
anos aos 4 anos, aproximadamente.
Neste período surge a função semiótica que
permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização,
etc.. Podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o
período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de
formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer
(uma caixa de fósforo em carrinho, por exemplo). É também o período em que o
indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai
foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está a nível
de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as
argumentações dos outros. Duas crianças “conversando” dizem frases que não têm
relação com a frase que o outro está dizendo. Sua socialização é vivida de
forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são
constantemente trocados.
Existem outras características do
pensamento simbólico que não estão sendo mencionadas aqui, uma vez que a
proposta é de sintetizar as idéias de Jean Piaget, como por exemplo o
nominalismo (dar nomes às coisas das quais não sabe o nome ainda),
superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”), etc.
C. Período Intuitivo - dos
4 anos aos 7 anos, aproximadamente.
Neste período já existe um desejo de
explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, pois o
indíviduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo
dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu pensamento continua centrado
no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos sem
no entanto incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de
flores, por exemplo). Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa mas
já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro.
Os Períodos Simbólico e Intuitivo são
também comumente apresentados como Período Pré-Operatório.
D. Período Operatório Concreto -
dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente.
É o período em que o indivíduo consolida as
conservações de número, substância, volume e peso. Já é capaz de ordenar
elementos por seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando então o
mundo de forma lógica ou operatória. Sua organização social é a de bando,
podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem
compreender regras, sendo fiéis a ela, e estabelecer compromissos. A
conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que no
entanto possam discutrir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma
conclusão comum.
E. Período Operatório Abstrato -
dos 11 anos em diante.
É o ápice do desenvolvimento da
inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou
lógico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma
probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados
para o futuro. É, finalmente, a “abertura para todos os possíveis”.
A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que
a linguagem se dê a nível de discussão para se chegar a uma conclusão. Sua
organização grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.
5 - A importância de se definir os períodos
de desenvolvimento da inteligência reside no fato de que, em cada um, o
indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de
compreensão e interpretação da realidade. A compreensão deste processo é
fundamental para que os professores possam também compreender com quem estão
trabalhando.
A obra de Jean Piaget não oferece aos
educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do
aluno ou da criança. Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento
apresenta características e possibilidades de crescimento da maturação ou de
aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores
possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo.
“Aceitar o ponto de vista de Piaget,
portanto, provocará turbulenta revolução no processo escolar (o professor
transforma-se numa espécia de ‘técnico do time de futebol’,
perdendo seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo tem de modificar,
fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (aliás, é assim que
age a ciência e a pedagogia começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente,
nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ‘ensinando’... aí
não está havendo uma escola piagetiana!” (Lima, 1980, p. 131).

Referências
CHIABAI, Isa Maria. A
influência do meio rural no processo de cognição de crianças da pré-escola: uma
interpretação fundamentada na teoria do conhecimento de Jean Piaget. São Paulo,
1990. Tese (Doutorado), Instituto de Psicologia, USP. 165 p.
LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget
para principiantes. 2. ed. São Paulo: Summus, 1980. 284 p.
PIAGET, Jean. O nascimento da
inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 389 p.
O meu objetivo sempre é ajudar!
Bjos,
Eveline Cruz.